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Tarifaço de Trump atinge como uma bomba a economia de Caçador

Decisão do presidente dos Estados Unidos que ataca a soberania do Brasil - por misturar comércio internacional, política (defesa de Bolsonaro) e interferência no Poder Judiciário Brasileiro - é recebida como uma péssima notícia para Caçador que tem vocação na exportação e destina ao mercado Norte-americano cerca de 80% de sua produção do setor de madeira. Dirigentes caçadorenses comentam

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O anúncio do tarifaço de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, divulgado nesta quarta-feira (9), pode ser interpretado como se o presidente do Estados Unidos, Donald Trump jogasse uma bomba na economia caçadorense. A cidade que tem sua vocação exportadora, será diretamente afetada, caso a decisão não seja revertida.

Mais ou menos 80% do que é produzido no setor industrial de Caçador é destinado à exportação. O problema maior é que os Estados Unidos é disparado o maior destino comercial, especialmente no setor da madeira. O vice-presidente pela Região Norte da Fiesc, empresário, Leonir Tesser, informa que cerca de 90% da exportação do setor de madeira de Caçador é destinado ao mercado Norte-americano.

Tesser pondera que a decisão tomada pelo presidente americano é “algo extremamente prejudicial” para a economia Catarinense e especialmente Caçadorense. Nesta manhã de quinta-feira (10), o momento foi de muitas reuniões nas empresas de Caçador para entender o cenário. O vice-presidente da Fiesc pondera que a saída está na política. “É um problema político e torcemos que o governo encontre a solução na política”, ponderou.

O presidente da Acic, José Tombini também admitiu que os empresários caçadorenses foram pegos de surpresa. Ele disse que os dirigentes ainda estão aguardando entidades como a Facisc e Fiesc analisarem com maior profundidade o cenário para se manifestar. “Não é hora de polemizar mais do que já está polemizado. Temos que pensar em soluções. Isso abala o Brasil inteiro, nosso Estado e Caçador que é exportador”, disse.

Mais tarde, o presidente da Acic enviou a seguinte nota: “Após o Governo Americano anunciar a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros ,reforçamos nossa preocupação com a questão da tributação anunciada pelos Estados Unidos e os impactos negativos que isso pode trazer para nossa economia. Acreditamos que neste momento, retaliações não são a melhor solução e esperamos que o Governo tenha responsabilidade para tratar desse assunto tão importante e conseguir reverter a situação. Continuamos em contato com nossa confederação e trabalhando juntos para defender o setor produtivo”.

Já o vice-presidente da Fiesc, recém eleito presidente, Gilberto Seleme, falou sobre o assunto para a colunista da área econômica da NSC, Estela Benetti. Ele frisou que neste momento os diplomatas brasileiros devem negociar com o governo americano porque se a tarifa prevalecer, indústrias do Estado vão perder a competitividade.

“O setor industrial catarinense se modernizou tanto para achar mercados… Se globalizou, as empresas estão modernas e a maioria das exportações da indústria de Santa Catarina é para o mercado norte-americano. Mas com um tarifaço desses, nós perdemos toda a competitividade que fomos ganhando ano a ano. Sem poder exportar aos EUA, a opção é jogar para um outro país as vendas. Mas não existe mercado para comprar o volume que nós produzimos. E o mercado interno também não suporta tudo o que nós fazemos”, lamenta Seleme.

Na avaliação de Gilberto Seleme, os diplomatas brasileiros por meio do Itamaraty e do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços devem procurar Donald Trump para negociar. “No final da carta, o presidente americano sinalizou que está disposto a negociar”, disse Seleme.

Tarifa de 50% prejudica severamente parte das exportações catarinenses, avalia FIESC

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) avalia que a tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano para as exportações de produtos brasileiros vai prejudicar severamente embarques para os Estados Unidos. O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, reitera a necessidade de manutenção dos canais de negociação pela diplomacia brasileira, sob pena da situação se agravar com o cancelamento de investimentos no Brasil. Avalia que é necessário trabalhar com serenidade pela melhor solução e considerando os interesses do Brasil.

A decisão precisa ser avaliada sob três aspectos: sob o ponto de vista econômico, não há justificativa para a aplicação desta taxa, já que os Estados Unidos registram superávit há décadas na balança comercial com o Brasil; o segundo aspecto diz respeito às políticas domésticas, o Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas; por fim, ao invés de adotar postura neutra em relação à diplomacia internacional, o Brasil repetidamente assume posições de desalinhamento com os Estados Unidos.

Embora não se tenha detalhes sobre a medida, a perspectiva de taxação deixa a indústria em alerta. “A implementação da tarifa anunciada nesta quarta, de 50%, compromete a competitividade dos produtos catarinenses, uma vez que países concorrentes em setores relevantes para a pauta exportadora de SC podem ser submetidos a taxas bem inferiores”, frisa Aguiar.

Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações catarinenses. No ano passado, o estado embarcou para lá US$ 1,74 bilhão, na sua maioria itens manufaturados, como produtos de madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.

EUA têm superávit de US$ 256,9 bi com Brasil

Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica alicerçada em 200 anos de parceria. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento da tarifa terá impacto significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos.

Implementação da tarifa anunciada nesta quarta, de 50%, compromete a competitividade dos produtos catarinenses

O país norte-americano mantém superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos. Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA.

A CNI aponta também que a entrada de produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de importação de 2,7% em 2023. A tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor do que a tarifa nominal, de 11,2%, assumida no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Decisão com justificativa política

Líderes da oposição ao Governo Lula chamaram, ainda na noite de quarta-feira (9), uma reunião de emergência para discutir como reagir ao tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.

O saldo final foi amargo. “Foi um tiro no pé. Quem é que vai ser a favor disso? Quem é que vai ficar contra o país?”, relatou um líder do Senado.

Trump havia feito o anúncio colocando o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro parágrafo de sua nota, colocou abertamente a interrupção do julgamento de Bolsonaro no Supremo como condição para a mesa de negociações. E, pior: o presidente americano cometeu erros factuais. Hoje, o Brasil mais compra do que vende aos Estados Unidos. Aliás, é assim desde 2009.

Para agravar o cenário, Eduardo Bolsonaro fez um vídeo em que chama para si e para a família a responsabilidade pelo tarifaço. Ele foi além, endossando uma ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal.

“Erro grosseiro, erro gravíssimo. Vai ter um custo isso para a imagem”, analisou um aliado da família Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro também conseguiu piorar sua situação jurídica. Ele responde a inquérito por obstrução de Justiça e, na avaliação de ministros do Supremo, acabou por cravar a prática do crime na gravação.

O grupo mais moderado da direita optou por imputar a Lula a responsabilidade sobre o tarifaço, a exemplo do que fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Mesmo os integrantes dessa ala admitem que os meses de pregações por sanções dos americanos a Moraes fragilizam a aderência da narrativa. Além disso, a pesquisa Nexus mostrou também que discurso de apoiadores do governo pela soberania popular se sobrepõe à narrativa que atribuem a Lula a responsabilidade pela instabilidade na relação com os EUA.

E mais: veem uma segunda chance de exposição de Lula como defensor da soberania do país, apresentando a família Bolsonaro como “traidora da pátria”.

O saldo é, nas palavras de aliado da família, ruim.

Fonte: G1

Adriano Ribeiro
Adriano Ribeiro
Colunista do Jornal Informe, traz informações sobre os bastidores da política e cotidiano de Caçador e da Grande Florianópolis, em duas colunas semanais publicadas aqui e no www.informefloripa.com. Contatos: (48) 99800-5836 | (48) 3733-6977. E-mail: redacao@informecacador.com.br
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