Recentemente a BRK Ambiental anunciou em evento na prefeitura de Caçador o planejamento para o início da implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto. Enfim, Caçador começa caminhar para avançar na área de saneamento ambiental, uma de suas maiores deficiências.
Os trabalhos previstos no contrato celebrado pelo município com a empresa – que estabeleceu inicialmente a operação de água deixando o esgoto para um segundo momento – representa um marco para Caçador. Por várias vezes essa coluna e alguns vereadores cobraram o início das ações e agora é momento de reconhecer o início do cumprimento do contrato por empresa e administração pública. Caçador como cidade desenvolvida que quer ser, não pode continuar despejando toneladas de esgoto nos rios Caçador e do Peixe.
Importante lembrar também que nem a BRK nem o município estarão fazendo nenhum favor ao munícipe. Cada centavo que for investido no sistema de coleta, na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) ou nas demais estruturas será cobrado da população usuária. Em outras cidades – e em Caçador não deverá ser diferente – o valor da Taxa de Esgoto é cobrado na fatura da água ou em fatura separada. Em geral, o valor que se paga de água é exatamente o que se paga de esgoto.
Fiscalização
Outro ponto importante que as autoridades caçadorenses precisam se ater e aproveitar que o processo de implantação do sistema de esgoto está em seu início, é focar na fiscalização do cumprimento adequado das ações. Como a estrutura é em boa parte enterrada, há que se ter um olhar crítico sobre as obras para que Caçador não se arrependa depois. Um sistema de esgoto implantado inadequadamente pode ser uma dor de cabeça para décadas.
O prometido pela BRK
Conforme anunciado pela BRK a partir de setembro de 2025 inicia a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES Rio do Peixe), por meio do programa Saneamento Legal. O projeto prevê um investimento superior a R$ 178 milhões, com previsão de cobertura de mais de 90% da área urbana até 2033. Os bairros Martello, Alto Bonito, Berger e parte do Centro serão os primeiros a receberem as frentes de trabalho. Nesta primeira etapa, serão implantados 86 km de rede coletora, 7 mil ligações domiciliares e uma estação de tratamento com capacidade inicial de 80 litros por segundo, que está sendo construída na SC-135. A conclusão dessa fase está prevista para dezembro de 2027 e corresponde a 40% da cobertura final.
BRK em Blumenau
Bom lembrar que em Blumenau, onde a BRK tem o contrato de exploração de água e esgoto, neste mês de agosto explodiu uma crise pública. A Prefeitura de Blumenau anunciou dia 8 de agosto a revogação do 5º termo aditivo ao contrato de concessão com a BRK Ambiental, concessionária responsável pela operação do sistema público de esgotamento sanitário desde 2009. A decisão foi baseada em um relatório de uma auditoria técnica e ocorreu em meio ao avanço das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Esgoto, instaurada pela Câmara Municipal.
Na prática, a medida impede que moradores sem acesso à rede coletora de esgoto sejam obrigados a pagar a tarifa pelo serviço de coleta realizado por caminhões, além de permitir que a população contrate livremente qualquer empresa para executar esse serviço, e não apenas a concessionária. Para os usuários que já possuem esgoto coletado e tratado por rede, a revogação também cancela o reajuste tarifário de 10,72% previsto no aditivo.
A auditoria, contratada pelo Samae em 2023, vistoriou 13.790 pontos do sistema e identificou falhas técnicas na execução da infraestrutura e na reconstrução de pavimentos, que hoje demandariam cerca de R$ 50 milhões em reparos. O relatório ainda apontou que a BRK Ambiental teria obtido uma vantagem financeira de aproximadamente R$ 27 milhões, decorrente da inclusão, no cálculo da tarifa da terceira revisão tarifária (em 2022), de custos referentes a obras consideradas inadequadas ou mal executadas.
O 5º termo aditivo vinha sendo alvo de questionamentos na CPI, que investiga a execução do contrato e a qualidade dos serviços prestados pela concessionária.
BRK ingressou na Justiça
A revogação do quinto aditivo ao contrato de concessão do esgoto em Blumenau, anunciada pelo prefeito Egidio Ferrari (PL), foi recebida com surpresa dentro da BRK Ambiental, disse o diretor de contratos da empresa, Cleber Renato da Silva. A Empresa entrou na Justiça para tentar reverter a medida. “Foi uma surpresa a notícia e a forma como aconteceu, no final da sexta-feira”, disse em entrevista para a NSC. Para o diretor, o decreto municipal que revogou o aditivo dá e entender que a prefeitura se baseou em um fato novo – os resultados de uma auditoria contratada pelo Samae para analisar as obras – para tomar a decisão. Mas, segundo Silva, o quinto termo aditivo já citava esse trabalho de perícia.
Ponte Caçador-Macieira
Vereador Fabiano Dobner (PL) repercutiu nesta semana a informação de que em dois dias de trabalho a prefeitura de Macieira reparou a sua parte da ponte no limite com Caçador, na linha Tamanduá, que estava bastante avariada. A prefeita Simone Zanella divulgou ainda que o projeto para a construção de uma nova ponte já foi encaminhado ao Legislativo e a parte daquele município está concluída para iniciar a licitação. Aguarda-se apenas Caçador fazer sua parte. O vereador lamentou a falta de empenho de Caçador com os moradores daquela localidade.
Problema antigo
Em um comentário colaborativo o vereador Rubiano Schmitz (PP) lembrou que em 2020 já criticava a precariedade da mesma ponte. Na época viralizou um vídeo em que um caminhão passa por dentro do rio em uma das margens da ponte e na outra margem transita uma colheitadeira. “A ponte era pra bonito, acho”, satirizou. Ele também criticou a prefeitura da Capital da Madeira que disse que não tem madeira para fazer a reforma da parte que lhe compete da ponte. “Como que Macieira consegue fazer essa obra provisória em dois dias? Isso demonstra a boa vontade”, argumentou.
Meia ponte boa
O curioso é que com a reforma emergencial que Macieira fez na parte da ponte que atinge seu município, a estrutura ficou com a metade em condições de uso e a outra metade, a de Caçador, em estado precário e sem condições. É a cara da ausência de vontade do poder público.
Ônibus encalhado
O vereador Fabiano Dobner (PL) também repercutiu um vídeo mostrando o ônibus de transporte escolar sendo puxado por um trator na Linha Tamanduá. A estrada não oferecia condições do veículo transitar. O vereador disse que recebeu o vídeo às 21h30min desta segunda-feira (11). Ou seja, quase 22 horas da noite e caçadorenses ainda não tinham recebido seus filhos da escola. Lastimável!
Perdas
Caçador teve duas significativas e duras baixas nesta semana com o falecimento do empresário Alexandre Luiz Zandavalli e do professor aposentado e ex-presidente da Fundação de Esportes de Caçador, Cláudio Granja. Nossos sentimentos às famílias.
Perdas (II)
E a lista de perdas da semana teve mais um nome acrescido nesta sexta (15), com o falecimento do empresário Alcides José Zandavalli, aos 103 anos. Ele morreu em Balneário Camboriú, onde vivia nos últimos anos. O velório será neste sábado, (16), das 7h às 16h, no Memorial São Pedro em Caçador e o sepultamento será logo após, no Cemitério Municipal. Alcides, junto com os irmãos Adelmo e Nelson, e com o filho Maurício, foi o fundador da empresa Madecal.
