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EUA finalizam investigação e fixam tarifa para madeira e alguns produtos moveleiros

Presidente americano Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (29) as tarifas de 10% sobre madeira bruta e serrada e 25% sobre armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados. O setor moveleiro estava sob investigação desde o início do ano e ainda não era impactado diretamente pelo tarifaço de 50% de julho, mas a partir de agora, a tarifa vai pesar

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Após investigação sobre os impactos das importações de madeira na segurança nacional, que se arrasta desde o início do ano, o governo americano decidiu tributar as importações de madeira bruta e madeira serrada em 10% e em 25% sobre armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados. A informação foi publicada pelo Jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (29) e impacta diretamente o setor de móveis catarinense.

Na prática, a partir dessa investigação setorial, conduzida pelo Departamento de Comércio Americano, as empresas do setor, como é o caso de muitas exportadoras caçadorenses, agora poderão saber de fato a tarifa imposta, de acordo com o produto que fornecem.

Havia uma expectativa de que a ordem executiva de 30 de julho impondo tarifas de 40% somadas a outros 10% que já estavam em vigor, impactariam nos produtos da base florestal. Porém, de acordo com analistas técnicos, na própria ordem executiva que fixou o tarifaço ao Brasil em 50% o presidente americano Donald Trump deixou claro na seção 3 que os produtos investigados pela chamada seção 232 não receberiam a nova taxação.

A seção 232, relativa à lei de expansão comercial, foi aberta em 1º de março de 2025 para investigar o impacto de determinadas importações pelos Estados Unidos e defender a segurança nacional norte-americana. Madeira e derivados, o que inclui móveis de madeira, estão contidos nesse estudo. Agora, com o fim da investigação, os EUA definiram a taxa real que o setor de madeira e móveis terá que pagar a partir de agora para participar do mercado americano.

PRODUTOS E TAXAS DIFERENTES

Mesmo com a definição das novas tarifas para o setor, o momento segue sendo de incerteza. Cabe a cada empresa e seus clientes nos EUA calcular o custo das operações produto a produto.

Quem produz armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados está taxado em 25% e os demais produtos moveleiros em 50%. A este INFORME ao menos duas empresas de Caçador já confirmaram que terão seus produtos taxados em 50%. Porém, devido ao tipo de produtos fabricados a tendência é de que a grande maioria das indústria seja classificada nessa tarifa de 50%.

Porém, como o novo anúncio de Trump é recente, os escritórios de advocacia e comerciais das empresas ainda buscam mais entendimentos para saber os novos impactos para o setor exportador de madeira e móveis.

NOVAS TARIFAS INICIAM EM 14 DE OUTUBRO

Ao acompanhar a decisão da investigação e aplicar a tarifas de 10% sobre madeira bruta e madeira serrada e de 25% sobre armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump também definiu que sua aplicação inicia em outubro.

A Folha informou que o presidente americano assinou a medida argumentando que as importações de madeira e móveis estão enfraquecendo a segurança nacional dos EUA, justificando as novas tarifas sob a Seção 232 da Lei de Comércio de 1974, como fez para produtos como aço e alumínio.

“Segundo o texto, as tarifas entrarão em vigor em 14 de outubro, mas as alíquotas subirão em 1º de janeiro para 30% no caso dos produtos de madeira estofados e para 50% no caso de armários de cozinha e gabinetes de banheiro importados de países que não chegarem a um acordo com os Estados Unidos”, diz a matéria da Folha de São Paulo.

A medida é a primeira em três setores que, segundo Trump, receberiam novas tarifas já a partir de 1º de outubro —incluindo medicamentos patenteados e caminhões pesados.

No entanto, o texto desta segunda (29) estabeleceu o início das tarifas sobre madeira e móveis para daqui duas semanas, à 1h01 de 14 de outubro (horário de Brasília).

O documento presidencial afirmou que as importações de produtos de madeira estão enfraquecendo a economia dos EUA, levando a fechamentos constantes de serrarias, a interrupções nas cadeias de suprimento e à redução da utilização da indústria nacional de madeira.

“Devido à situação da indústria madeireira dos Estados Unidos, o país pode não ser capaz de atender à demanda por produtos de madeira que são cruciais para a defesa nacional e para a infraestrutura crítica”, diz o texto.

A medida acrescenta que produtos de madeira são usados para “construção de infraestrutura para testes operacionais, habitação e armazenamento de pessoal e material, transporte de munições, como ingrediente em munições e como componente em sistemas de defesa antimísseis e em sistemas de proteção térmica para veículos de reentrada nuclear”.

O Canadá, maior fornecedor do país, deve ser o maior afetado. No Brasil, que já sofre com demissões no setor, cerca de 90% da produção está concentrada nos estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

SETOR DE MÓVEIS E MADEIRA DEMITE; CAÇADOR TEM 281 VAGAS FECHADAS EM AGOSTO

A indústria catarinense teve em agosto seu primeiro saldo negativo no número de trabalhadores em 2025. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram o fechamento de 1.754 vagas no setor no primeiro mês de vigência das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Mais diretamente ligados às exportações, as indústrias de móveis e madeira tiveram saldo negativo de 1.236 postos de trabalho no mês.

Entre os municípios que mais foram afetados estão Lages, com fechamento de 287 vagas no setor de madeira, e Caçador, que encerrou 281 vagas no setor de madeira e móveis.

“Este é, infelizmente, um movimento já esperado. Conforme estudo de cenário elaborado pela FIESC, a manutenção das tarifas nos níveis atuais coloca em risco 20 mil empregos em Santa Catarina até 2027. Por isso, reforçamos a urgência de abertura de negociações com o governo dos EUA”, afirma o presidente da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Gilberto Seleme.

Em paralelo, a FIESC disponibiliza o desTarifaço, um programa de apoio a indústrias e trabalhadores afetados. Entre os serviços oferecidos gratuitamente estão consultoria para novos produtos e mercados, suporte para acesso a crédito e incentivos públicos e capacitação para funcionários em situação de inatividade. Saiba mais em destarifaco.fiesc.com.br.

IMPACTO DE DEMISSÕES EM NÍVEL NACIONAL

Indústrias de móveis e madeira do Brasil já sentem o impacto do tarifaço anunciado por Trump em julho. Segundo empresários e associações do setor, exportações para o mercado americano já estavam sofrendo com as incertezas em relação à medida.

Entre 9 de julho, quando foi anunciada a taxação de 50% ao Brasil, e 15 de setembro a indústria brasileira de madeira contabilizou em torno de 4.000 demissões, segundo dados da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente).

Os Estados Unidos absorviam em média 50% da produção do setor no Brasil, mas o tarifaço que entrou em vigor em agosto provocou uma onda de cancelamento de exportações.

De acordo com a Abimci, a indústria de madeira gera em torno de 180 mil empregos formais no país. Ou seja, as cerca de 4.000 demissões corresponderiam a aproximadamente 2% do total de vagas.

A Abimci diz que as exportações de agosto tiveram quedas de 35% a 50% ante julho, considerando o volume embarcado para os Estados Unidos de alguns dos principais produtos de madeira processada.

Com informações da Folha de São Paulo

Adriano Ribeiro
Adriano Ribeiro
Colunista do Jornal Informe, traz informações sobre os bastidores da política e cotidiano de Caçador e da Grande Florianópolis, em duas colunas semanais publicadas aqui e no www.informefloripa.com. Contatos: (48) 99800-5836 | (48) 3733-6977. E-mail: redacao@informecacador.com.br
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